À medida que foi evoluindo, a sociedade sempre se empenhou em descobrir novas formas de satisfação para o Homem. Pouco a pouco, foram aparecendo diferentes coisas, itens e acções, capazes de trazer pequenas parcelas de alegria ao coração mais sorumbático.
São frequentemente apelidados de "pequenos prazeres da vida". Sem eles, a vida não mais seria que um lúgubre repetir de acções pontuais.
A chatice é que por cada pequeno prazer da vida surge uma pequena complicação da vida.
Não sei se é obra de deus, do buda, de alá, do destino, do homem, de quem quer que seja. Mas são criações de alguém com uma mente retorcida, munido de uma ironia sadicamente atroz.
Foram descobertas as bebidas alcoólicas. Espectáculo, toda a gente aprecia uma cervejinha ou uma ginja de vez em quando.
E então apareceu a cirrose hepática.
Chegaram à conclusão que o sexo afinal é mais que levar a cabo a simples função reprodutora. Maravilha, uma pinocada é uma coisa bem catita!
E então vieram as DST's.
Tabaco? Há quem não passe sem a prazenteira cigarrada com o cafézinho depois de uma refeição.
E lá veio o cancro do pulmão.
Docinhos e petiscos sabem sempre bem, não é?
Também a hipertensão e os ataques cardíacos.
Estamos condenados a não poder apreciar os pequenos prazeres que a vida nos oferece sem pensar no hipotético mal que daí poderá advir.
Os desígnios da criação não dão ponto sem nó.
Tentam-nos constantemente com um apetecível bolo de chocolate, que provamos e até nos sabe bem. Só é pena deixar aquele travo a pão bolorento no final.