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Ela - Sabes? Acho que senti o clique.
Ele - O clique?
Ela - Sim, o clique.
Ele - Define "o clique". Deste cabo do joelho outra vez, foi isso?
Ela - Não, nada disso. Estás a ver aquele momento em que uma pessoa a quem tu não ligavas pevide se torna, de repente, na única pessoa que tu consegues ver focada?
Ele - Imagino que isso dependa da quantidade de gins que tenhas bebido antes.
Ela - Não, parvo.
Ele - Então?
Ela - Não te sei explicar, sabes? Tudo aquilo que a pessoa faz, tudo aquilo que a pessoa diz, tu segues com um interesse extremo.
Ele - Mesmo que te esteja a dizer que gosta de cabeça de pescada com batatas?
Ela - Tu cansas-me a beleza... O clique é quando todos os teus sentidos se dedicam a absorver tudo o que essa pessoa é. Seja ao olhar, à audição, ao cheiro a que associas a pessoa e...
Ele - Então e se a pessoa tiver problemas de higiene?
Ela - Não sejas idiota, pá...
Ele - Então e o tacto e o paladar?
Ela - O clique não dá para tudo...
Ele - Dá para quê então?
Ela - Sei lá. É aquilo que te leva a dizer "quero muita coisa, quero o mundo, mas não há nada que queira tanto como ter a significância para essa pessoa quanto ela tem para mim".
Ele - Percebo. Aliás, já encontrei várias mulheres que na altura eram "a mulher da minha vida". Lamentavelmente, nenhuma delas partilhava da mesma opinião.
Ela - O problema do clique é esse. Só a própria pessoa é que o ouve.
Ele - É um dos problemas.
Ela - E os outros?
Ele - O dinheiro que isso te faz gastar em aspirinas, por exemplo. O tempo investido sem retorno, também.
Ela - É investido em boas recordações e bons momentos, ao menos.
Ele - Opá, mas isso não é um clique nem sequer uma coisa platónica. É um álbum fotográfico.
Ela - Não dá para falar contigo.
Ele - Sim!
Ela - Mas dizes isso porquê, não concordas comigo?
Ele - Finalmente, isso faz clique!
Sempre me fizeram confusão as pessoas que gritam ao telefone quando estão a perder rede e que martelam os botões do comando quando as pilhas estão no fim.
Porquê, senhores, porquê?
E porque não carregar no botão da consulta de saldo do multibanco com muita muita fé naqueles dias que antecedem o final do mês?
Ou carregar na caneta com mais força no boletim eleitoral no quadradinho daquele candidato que querem mesmo mesmo que ganhe?
É o mesmo princípio e tem o mesmo resultado prático! Zero.
Se a coisa se regesse assim, cada ida às finanças iria incorrer numa sessão de mocada no funcionário público que estivesse no guichet.
Na verdade, este é um conceito semelhante ao da violência doméstica.
Não é pelo cônjuge não estar a exercer um normal funcionamento que lhe temos de dar com uma enxada no lombo.
Há coisas que funcionam e há outras que não. Nem sempre percebemos porquê e a ausência de resultados irrita um gajo.
A verdade é que para isso parece que já há uma solução que não a insistência.
É rezar um terço.
Tenho uma nova entidade patronal, que não o BES.
Calma, também não é o novo banco.
Será um consórcio Norte-Americano que, entre outras coisas, é dono do canal de televisão AMC, esse mesmo que produz os "Walking Dead".
O que me deixa com expectativas para um eventual protocolo de intercâmbio profissional futuro.
Ia eu para a série e vinha um zombie fazer seguros. Até já tenho tudo planeado para o casting.
É só pedir a alguém que me filme nos dias em que entre às 08h30. É fatal como o destino que algum produtor da coisa diga "epá, este tal de Inútil é um zombie autêntico, grunhe e tudo. E nem vamos ter que abusar na maquilhagem que o gajo já é feio como uma noite de trovoada!".
Mas adiante.
Acho alguma piada a esta ideia de uma nomenclatura renascentista para uma coisa em ruínas.
Os clientes tiveram acesso a um "Novo saldo"? Foi aplicada às contas alguma "Nova taxa de manutenção"?
Não. E isso é pateta.
Porque a única coisa que vai haver de "Novo" para muita gente é uma refrescante viagem pelos meandros do subsidio de desemprego.
Gente que, enfim, ganha uma "Nova vida".
E do velho se faz o "Novo". Mas com a merda do costume.
Ela - Sabes, estava para aqui a pensar..
Ele - Bem dizem que há uma primeira vez para tudo.
Ela - Parvo.
Ele - Mas diz lá, estavas a pensar em quê?
Ela - Bem... que às vezes, gostava que a minha vida fosse como um postal.
Ele - Como assim? Estática?
Ela - Não!
Ele - Então?
Ela - Opá, como aqueles postais, que têm uma fotografia de um casal aos beijos, junto a uma fonte, com passarinhos no fundo e o sol a brilhar.
Ele - Ah, gostavas que a tua vida fosse fictícia, manipulada para aparentar ser perfeita?
Ela - Não!
Ele - É que essas imagens não correspondem à realidade, são um tanto ou quanto fantasiosas.
Ela - Não sabes isso. Por vezes, até dão ideia de serem reais.
Ele - Ah, mas sei, sei! Alguma vez conseguias estar ali na meio da praça do Rossio aos beijos sem um pombo te cagar em cima? Isso é que é realidade, pá. Isso é que devia vir nos postais: uma fotografia de um gajo com uma cagadela no casaco e a legenda a dizer "Lisboa - A cidade onde todos se estão a cagar para si".
Ela - O que eu gostava era que me desses uma resposta séria de vez em quando...
Ele - Mais sério que isto? Tu é que estás para aí com pensamentos idílicos! Só estou a tentar fazer uma aproximação à realidade.
Ela - Irra que tu também tiras a magia a tudo.
Ele - Onde é que está a magia no acto de um pombo me cagar na testa?
Ela - Não, burro! A magia está naquele momento que até é único e fica imortalizado naquele postal, em que o mundo parece que deixa de girar e mais ninguém existe em redor deles.
Ele - Sim. Lá parados estão eles...
Ela - Falta-te um certo romantismo, não é?
Ele - A culpa não é minha.
Ela - Então? É de quem?
Ele - Da minha Mãe.
Ela - Da tua Mãe?
Ele - Sim. Parece que não me terá forçado a ver telenovelas em doses suficientemente elefantinas na minha infância, para conseguir construir essa visão amaricada da coisa.
Ela - Não tem nada a ver com isso. Pá... desisto. Isto chega a um ponto em que se torna impossível conseguir ter um diálogo racional contigo. Até parece que fazes de propósito.
Ele - É mais forte do que eu.
Ela - Tenho de deixar de discutir certos assuntos contigo. Como este.
Ele - Ora, isso é que já dava um belo postal!
Pelo seu artigo logo se vê que o amigo não conhece...
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