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O coma

por Inútil, em 23.07.09

Se há coisa que sempre me suscitou algum fascínio, essa coisa é o coma. Bom, isso e o facto do Nuno Gomes não ser capaz de marcar golos de baliza aberta, mesmo que esta tenha a largura do Grand Canyon. Mas como o campeonato ainda não começou e eu gosto de dar uma segunda oportunidade às pessoas (ou 317, no caso do capitão do Glorioso), vou mesmo abordar a temática do coma.

Ora, de acordo com os parcos conhecimentos de medicina que tenho, existem dois tipos de coma: o induzido artificialmente e o outro.

Confesso que do primeiro pouco conheço. Sei que o primeiro caso de coma induzido registado na história da medicina moderna foi o da Branca de Neve, através de uma maçã embebida numa quantidade de psicotrópicos que faria o Dr House corar de inveja, receitada com malícia por uma médica provinciana. Fora isso, não sei mais nada.

O problema é que do outro ainda conheço menos. E a minha ignorância nesta área cativante provoca-me dúvidas.

Os dentes, por exemplo. Os enfermeiros lavam os dentes a um gajo comatoso? Nos filmes vemos que lhes dão banhinho, fazem a barba e cortam as unhas. Sim senhor. Mas nunca vi uma cena em que um auxiliar de saúde pegasse numa escova com um bocadinho de pepsodent em cima, abrisse a boca ao doente e toma lá que sabe a presunto.

Tudo bem que uma pessoa está inconsciente, não come e por isso não corre o risco de ficar com uma folhinha de agrião entalada nos molares. Mas se o coma é um longo soninho, igualmente grande deve ser o mau hálito matinal da criatura ao despertar. Se ninguém tratar da higiene oral do bicho, visitas no primeiro dia acordado só mesmo envergando aquelas fatiotas amarelas anti armas biológicas.

Por falar em sono, nunca consegui compreender essa metáfora. Como é que um coma pode ser comparado a sono se o desgraçado não ressona? Sono que é sono tem ronco!

Uma pessoa em coma pode ser muita coisa, mas nunca um dorminhoco. É, ao invés disso, um bom ouvinte. Diria mesmo o melhor dos ouvintes. Não protesta, não opina, limita-se a aceitar as informações que recebe com uma pacatez prodigiosa.

Podemos desabafar segredos e fazer confissões sem qualquer tipo de risco ou perigo. Ao fim e ao cabo, se o enfermo der uma de delator ao acordar, pode-se sempre alegar que ele estava a delirar devido à febre ou que se limitou a sonhar tal barbaridade.

Seria deveras saudável para todos nós ter um amigo em coma. Bom, um amigo talvez seja um pouco cruel... Um conhecido, vá.

Uma boa forma de alcançar essa pequena utopia seria criar uma espécie de cartão de dador de órgãos, mas numa versão coma. Um cartãozinho que anunciasse "a pessoa portadora deste cartão disponibiliza-se a ser um ouvinte de desafogos caso alguma vez se encontrar num estado de coma, induzido ou não".  Simples, não é? Tão barato como falar com um padre mas com metade do sentimento de culpa e sem as trinta Ave-marias a seguir.

Mas tudo isto são devaneios meus. Diga-se, em abono da verdade, que certezas sobre o coma só tenho uma: um doentinho em coma é o sonho de qualquer profissional da enfermagem.

O comatoso é o Rambo dos enfermos. Não se faz de coitadinho perante a doença, não refila por ser algaliado, não solta um ai por mais tímido que seja.

Pura testosterona acamada. E há que dar-lhes valor por isso.

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publicado às 23:02

Ele - Tive um sonho estranhíssimo. Entrava num concurso de dança, vestido com um kimono, o meu parceiro era um anão e ganhámos o primeiro lugar. O que é que achas que isso quer dizer?

Ela - Que comeste gelado de menta a mais antes de ires para a cama...

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publicado às 12:40


Sugestão

por Inútil, em 07.07.09

Actores apropriados para desempenhar o papel de Michael Jackson num eventual biopic cinematográfico:

 

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publicado às 21:04


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Onde é que anda aquilo?

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