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Peúguices

por Inútil, em 04.11.15

Existem três tipos de peúgas:

- As que têm o elástico demasiado apertado, que cortam a circulação e restringem em demasia.
- As que quase não têm elástico, que estão sempre a cair para os calcanhares, não expedindo confiança nenhuma, só desconforto.
- A peúga perfeita. Nem é demasiado apertada nem demasiado folgada. Transmite segurança em dose suficiente e não nos obriga a estar constantemente a aplicar retoques.

Infelizmente, encontrar a peúga perfeita não é algo que aconteça da noite para o dia. É preciso experimentar vários tipos diferentes de peúgas até conseguirmos descobrir aquela que procuramos.
São poucas as pessoas que acham a peúga perfeita logo à primeira tentativa.
Mas desenganem-se aqueles que pensam que depois de encontrada a peúga ideal fica o trabalho todo feito.
Longe disso.
A peúga perfeita requer cuidados e muito trato. O desleixo com a manutenção da peúga pode levar à sua deterioração ou até a que essa mesma peúga se misture com outras, nesse universo desconhecido que é a gaveta da roupa interior.
Assim, tal como há peúgas de lã que têm de ser lavadas a temperaturas frias, outras há que só podem ir a banhos em temperaturas mais quentes.
Um tratamento idêntico para todas as peúgas é algo que simplesmente não resulta. Leva-as a perder aquela sensação de segurança de que tanto se gosta.
A peúga perfeita não só é difícil de encontrar, como também é trabalhosa a manter.
É por isso que, para mim, a peúga é a verdadeira metáfora dos relacionamentos.
O mesmo processo de descoberta da peúga perfeita é aplicado na demanda pela nossa cara-metade. Uma incessante procura pela companhia perfeita e o constante trabalho tido para não a desmerecer.
Para que um dia não se finde de forma abrupta. Com buracos, frouxa e a cheirar mal.

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publicado às 15:03


O dia de São Comerciante

por Inútil, em 13.02.15

Nunca compreendi todo aquele aparato que existe em torno do dia dos namorados.
É um dia como os outros, basicamente...Tem tanto jeito festejar o dia 14 de Fevereiro como o 4 de Agosto ou o 12 de Maio.
Não, minto. Há quem tenha plenas razões para comemorar esta data.
Os comerciantes. Mas só esses.
Havendo um relacionamento feliz, acho que faz muito mais sentido fazer de cada dia uma celebração. Não marcá-la no calendário, banalizando ainda mais uma data já de si desprovida de sentido.
E depois há a questão da prenda.
Bolas, não dá um ar mais romântico oferecer algo espontaneamente em vez de ser por imposição de circunstância? Eu acho que sim.
E dizem vocês , "Epá ò Inútil, isso és tu que és um gajo solteiro e não tens preocupações deste género".
E depois? Fosse ou não um gajo comprometido, isso não me obrigaria a comportar como um autómato.
Já como reza o Pai Natal, as boas acções são para ser praticadas durante todo o ano e não só em Dezembro.
E mais!
Dia dos namorados ou não, amanhã há futebol.
Jantarinho romântico à luz das velas, até podia haver. Mas com a televisão ligada durante o jogo. Afinal de contas, prioridades são prioridades.

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publicado às 14:30


Manual de Etiqueta

por Inútil, em 08.09.14

Foi convidado para um festim de alta sociedade e não sabe como se integrar?
Não desespere.
Seguindo as etapas deste manual de etiqueta, facilmente se tornará no foco das atenções.
Concentremo-nos na primeira:

 


- O pré-evento.

 


Escolha cuidadosamente a sua vestimenta.
Em locais onde a futilidade abunda, a escolha de um bom par de sapatos pode fazer a diferença entre ser o centro das atenções ou passar a noite ostracizado junto à entrada da copa. Evite os berloques a todo o custo. A mesma regra se aplica ao uso de peúgas com raquetes. Totalmente tabu.
Contrariamente ao que se pensa, usar a camisa aberta no peito e ostentar aquele fio de ouro que faria o B.A. Baracus corar de inveja não é de todo uma visão aprazível. Tape-se.
Ou destape-se, caso seja uma fêmea atraente. Um decote generoso, apesar de não ser essencial, garante sempre dezenas de bebidas grátis.
Quanto a jóias, esqueça aquele molho de fios que usava nos seus tempos de pescador de fataças na Nazaré. Opte pela simplicidade. Nada de pins da herbalife.
A componente visual é realmente importante, mas convém não descurar o factor olfacto. A não ser que vá a um banquete organizado pela Dum-Dum, não se besunte da cabeça aos pés em Kouros ou Aramis. Lembre-se, o seu objectivo é atrair pessoas. Não afastá-las ou fazê-las perder os sentidos.
Falemos agora do transporte.
É certo que os buracos que tem no tejadilho da sua 4L lhe proporcionam todas as noites uma fantástica vista do céu estrelado, mas, se quiser ser a estrela do evento, talvez seja melhor optar por um táxi.
E não se esqueça, apesar do 27 parar mesmo à porta do local desejado, chegar a solenidades num transporte público tem tanto charme como uma mosca no nariz de um cão morto.
Se tiver mesmo que ser, saia na paragem anterior e faça o resto do caminho a pé. Não só evita embaraços como ainda passa a imagem de ser amigo do ambiente.

 

 

- No evento.

 


A palavra-chave a reter é calma.
Não se atire à travessa das entradas como o Paulinho Santos se atirava às tíbias adversárias.

É certo e sabido que o primeiro milho é para os pardais e essa regra é de ouro em solenidades com alguma envergadura. A não ser que o seu objectivo seja enfartar-se com folhadinhos de salsicha e pastéis de bacalhau, espere. Os melhores acepipes só passam da copa para a sala depois dos comensais empanturrados.
Ah, nunca se esqueça que não está na Associação Recreativa de Oliveira de Azeméis. Os restantes convivas não irão manifestar grande interesse no prazer da sua companhia se estiver a abrir a boca enquanto mastiga aqueles deliciosos vol-au-vent de salmão.
Por falar nisso, será conveniente limitar o diálogo a conversas mundanas. Ninguém quer saber que o filho da sua vizinha de cima foi apanhado com a baguette em forno alheio.

Ler o jornal no dia da festa é sempre uma forma de estar actualizado e irá garantir temas de conversa suficientemente banais para poder quebrar o gelo.
À falta de notícias, invente uma.

Fale daquele verme recentemente descoberto na Nova Guiné ou dos avanços da medicina no caminho para descobrir a cura para o síndrome de Capgras.

Vai ver que todos o vão acompanhar com o máximo interesse. Afinal de contas, ninguém gosta de passar por ignorante.
Se mesmo assim vir que não é capaz de evitar balbuciar um ou outro disparate, não desespere.

Decore o nome de dois ou três jogadores da antiga selecção da USSR. Se ao dialogar com os indivíduos circundantes meter os pés pelas mão e soltar uma argolada monumental, diga apenas que estava a citar as ideologias de um famoso cientista social dos Urais ou coisa parecida.

Ex:
Você - ...blá blá blá e uma chapadinha de vez em quando nunca matou mulher nenhuma.
Conviva - ...
Você - ... Já assim diziam os Drs Shesternyov e Borodyuk.
Conviva - Quem?
Você - Não conhece?
Conviva - Não estou a ver quem seja...
Você - A sério? São dois famosos sociólogos. Toda a gente minimamente letrada os conhece.
Conviva - Ah sim, esses, claro! Tem toda a razão.

Nestes meios, a ignorância facilmente passa por inteligência quando associada a citações de estudiosos do comportamento humano dos quais nunca ninguém ouviu falar. E quanto mais rocambolesco for o nome, mais culto você fica a parecer.

 

 

- O final do evento.

 


Apesar de estar rodeado de nobreza e gente de sangue azul, convém não beber como se fosse um rei.
Não abuse dos cocktails.
Se bem que na maior parte das vezes o bar é aberto e as bebidas grátis, uma embriaguez num espaço desses poderá sair-lhe cara.
Beba só um copito. Dois, no máximo. O suficiente para se desinibir e meter conversa com as duas louras espampanantes que estão sentadas ao balcão.
Um whiskie a mais pode fazer toda a diferença entre ser bem sucedido na aproximação ou decorar com um bonito tom verde-vomitado aquele vestido de serapilheira do Tenente que custou dois ordenados mínimos.
Muita atenção às frases de conquista! Os principiantes nestas lides costumam claudicar nesta fase. Não se esqueça que está a nadar no charco da fina-flor, por isso nada de tiradas à trolha rebarbado.
Não diga coisas como "Se eu fosse uma abelha, polinizava-te toda. É que nem o caule escapava.".
Apesar de ser mais bonito que "ò borracho, queres por cima ou queres por baixo?", continua a demonstrar uma certa ausência de nível.
Mantenha a classe.
A classe e as calças apertadas. Se se tiver empaturrado em acepipes como se a sua vida dependesse disso, resista à tentação de desapertar aquele incómodo botão das calças ou alargar o cinto. Você entrou de fatinho composto. Se alguém o vir a transformar as suas calças numa tenda de campanha, todo o trabalho prévio terá sido em vão.
Falta só discutir o factor saída.
Não seja o primeiro a deixar a festa, mas também não vale a pena ficar até o pessoal da limpeza o convidar a evacuar as instalações.
Estude as pessoas, observe as manadas que entretanto se foram formando.
Há sempre um grupo que se destaca dos outros, uma espécie de elite dentro da elite. Visto que o sucesso deste plano se baseia em aparências, aparente pertencer a esse bando de colunáveis.
Adopte o comportamento deles. Beba o que eles estiverem a beber. Saia quando eles saírem.
Seja um com eles.
Assim, quando os restantes convivas estiverem a falar dessas criaturas apolíneas, estarão igualmente a falar de si e da sua inolvidável presença.
É possível que alguém desse grupo alfa se antecipe, detecte a sua presença e o escorrace a pontapé.
Se tal acontecer, não desespere. Há sempre uma alternativa.
Exactamente, as duas louras espampanantes que estavam sentadas ao balcão.
Saia rodeado de duas mulheres lindas e vai ver que a sua história será imortalizada em inúmeras odes, cantadas pelos Homeros do universo socialite.

 

 

Em caso de dúvida, repetir o passo adequado. Parece fácil, mas o mais pequeno deslize e poderá garantir a edificação de uma reputação de labrego barraqueiro da qual não se livrará tão facilmente.

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publicado às 20:43


Cavalos de Corrida

por Inútil, em 07.09.14

No próximo dia 5 de Outubro vai ter lugar a edição da Maratona de Lisboa 2014, evento sempre importante no calendário do atletismo nacional.

Este ano, para animar o público, alguém da organização achou que era boa ideia convidar os UHF para darem um concerto no final da prova.

O que é uma asneira.

Porque se o objectivo é bater o recorde da maratona, faria muito mais sentido pô-los a cantar logo no inicio.

Preferencialmente, imediatamente atrás dos últimos participantes, só mesmo para incentivar a malta a correr como se não houvesse amanhã.

Se quiserem que o recorde da prova não seja batido em Lisboa, mas sim dizimado, nada mais fácil.

Metam os UHF num palco móvel. Montado na caixa de uma Toyota Dyna, a fazer de carro vassoura. Até o velhote mais marreco irá fazer o Usain Bolt parecer uma preguiça.

A malta já sabe que para a frente é que é o caminho. Mas um bocadinho de motivação extra nunca fez mal a ninguém.

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publicado às 20:41


O clique

por Inútil, em 29.08.14

Ela - Sabes? Acho que senti o clique. 

Ele - O clique? 

Ela - Sim, o clique. 

Ele - Define "o clique". Deste cabo do joelho outra vez, foi isso?

Ela - Não, nada disso. Estás a ver aquele momento em que uma pessoa a quem tu não ligavas pevide se torna, de repente, na única pessoa que tu consegues ver focada? 

Ele - Imagino que isso dependa da quantidade de gins que tenhas bebido antes. 

Ela - Não, parvo. 

Ele - Então? 

Ela - Não te sei explicar, sabes? Tudo aquilo que a pessoa faz, tudo aquilo que a pessoa diz, tu segues com um interesse extremo. 

Ele - Mesmo que te esteja a dizer que gosta de cabeça de pescada com batatas? 

Ela - Tu cansas-me a beleza... O clique é quando todos os teus sentidos se dedicam a absorver tudo o que essa pessoa é. Seja ao olhar, à audição, ao cheiro a que associas a pessoa e... 

Ele - Então e se a pessoa tiver problemas de higiene? 

Ela - Não sejas idiota, pá... 

Ele - Então e o tacto e o paladar? 

Ela - O clique não dá para tudo... 

Ele - Dá para quê então? 

Ela - Sei lá. É aquilo que te leva a dizer "quero muita coisa, quero o mundo, mas não há nada que queira tanto como ter a significância para essa pessoa quanto ela tem para mim". 

Ele - Percebo. Aliás, já encontrei várias mulheres que na altura eram "a mulher da minha vida". Lamentavelmente, nenhuma delas partilhava da mesma opinião. 

Ela - O problema do clique é esse. Só a própria pessoa é que o ouve. 

Ele - É um dos problemas. 

Ela - E os outros? 

Ele - O dinheiro que isso te faz gastar em aspirinas, por exemplo. O tempo investido sem retorno, também. 

Ela - É investido em boas recordações e bons momentos, ao menos. 

Ele - Opá, mas isso não é um clique nem sequer uma coisa platónica. É um álbum fotográfico. 

Ela - Não dá para falar contigo. 

Ele - Sim! 

Ela - Mas dizes isso porquê, não concordas comigo? 

Ele - Finalmente, isso faz clique! 

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publicado às 14:14


Da insistência

por Inútil, em 29.08.14

Sempre me fizeram confusão as pessoas que gritam ao telefone quando estão a perder rede e que martelam os botões do comando quando as pilhas estão no fim.

Porquê, senhores, porquê?

E porque não carregar no botão da consulta de saldo do multibanco com muita muita fé naqueles dias que antecedem o final do mês?

Ou carregar na caneta com mais força no boletim eleitoral no quadradinho daquele candidato que querem mesmo mesmo que ganhe?

É o mesmo princípio e tem o mesmo resultado prático! Zero.

Se a coisa se regesse assim, cada ida às finanças iria incorrer numa sessão de mocada no funcionário público que estivesse no guichet.

Na verdade, este é um conceito semelhante ao da violência doméstica.

Não é pelo cônjuge não estar a exercer um normal funcionamento que lhe temos de dar com uma enxada no lombo.

Há coisas que funcionam e há outras que não. Nem sempre percebemos porquê e a ausência de resultados irrita um gajo.

A verdade é que para isso parece que já há uma solução que não a insistência.

É rezar um terço.

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publicado às 00:59


O novo banco

por Inútil, em 26.08.14

Tenho uma nova entidade patronal, que não o BES.

Calma, também não é o novo banco.

Será um consórcio Norte-Americano que, entre outras coisas, é dono do canal de televisão AMC, esse mesmo que produz os "Walking Dead".

O que me deixa com expectativas para um eventual protocolo de intercâmbio profissional futuro.

Ia eu para a série e vinha um zombie fazer seguros. Até já tenho tudo planeado para o casting.

É só pedir a alguém que me filme nos dias em que entre às 08h30. É fatal como o destino que algum produtor da coisa diga "epá, este tal de Inútil é um zombie autêntico, grunhe e tudo. E nem vamos ter que abusar na maquilhagem que o gajo já é feio como uma noite de trovoada!".

Mas adiante.

Acho alguma piada a esta ideia de uma nomenclatura renascentista para uma coisa em ruínas.

Os clientes tiveram acesso a um "Novo saldo"? Foi aplicada às contas alguma "Nova taxa de manutenção"?

Não. E isso é pateta.

Porque a única coisa que vai haver de "Novo" para muita gente é uma refrescante viagem pelos meandros do subsidio de desemprego.

Gente que, enfim, ganha uma "Nova vida".

E do velho se faz o "Novo". Mas com a merda do costume.

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publicado às 23:08


O postal

por Inútil, em 26.08.14

Ela - Sabes, estava para aqui a pensar.. 
Ele - Bem dizem que há uma primeira vez para tudo. 
Ela - Parvo. 
Ele - Mas diz lá, estavas a pensar em quê? 

Ela - Bem... que às vezes, gostava que a minha vida fosse como um postal. 
Ele - Como assim? Estática? 
Ela - Não! 
Ele - Então? 
Ela - Opá, como aqueles postais, que têm uma fotografia de um casal aos beijos, junto a uma fonte, com passarinhos no fundo e o sol a brilhar. 
Ele - Ah, gostavas que a tua vida fosse fictícia, manipulada para aparentar ser perfeita? 
Ela - Não! 
Ele - É que essas imagens não correspondem à realidade, são um tanto ou quanto fantasiosas
Ela - Não sabes isso. Por vezes, até dão ideia de serem reais. 
Ele - Ah, mas sei, sei! Alguma vez conseguias estar ali na meio da praça do Rossio aos beijos sem um pombo te cagar em cima? Isso é que é realidade, pá. Isso é que devia vir nos postais: uma fotografia de um gajo com uma cagadela no casaco e a legenda a dizer "Lisboa - A cidade onde todos se estão a cagar para si". 
Ela - O que eu gostava era que me desses uma resposta séria de vez em quando... 
Ele - Mais sério que isto? Tu é que estás para aí com pensamentos idílicos! Só estou a tentar fazer uma aproximação à realidade. 
Ela - Irra que tu também tiras a magia a tudo. 
Ele - Onde é que está a magia no acto de um pombo me cagar na testa? 
Ela - Não, burro! A magia está naquele momento que até é único e fica imortalizado naquele postal, em que o mundo parece que deixa de girar e mais ninguém existe em redor deles. 
Ele - Sim. Lá parados estão eles... 
Ela - Falta-te um certo romantismo, não é? 
Ele - A culpa não é minha. 
Ela - Então? É de quem? 
Ele - Da minha Mãe. 
Ela - Da tua Mãe? 

Ele - Sim. Parece que não me terá forçado a ver telenovelas em doses suficientemente elefantinas na minha infância, para conseguir construir essa visão amaricada da coisa. 

Ela - Não tem nada a ver com isso. Pá... desisto. Isto chega a um ponto em que se torna impossível conseguir ter um diálogo racional contigo. Até parece que fazes de propósito. 
Ele - É mais forte do que eu. 
Ela - Tenho de deixar de discutir certos assuntos contigo. Como este. 
Ele - Ora, isso é que já dava um belo postal! 

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publicado às 16:52


Como dar uma má noticia

por Inútil, em 30.07.14

Uma das minhas falhas enquanto pessoa é não dominar a arte de saber transmitir notícias desagradáveis.

Palavra de honra que já tentei aperfeiçoar esta lacuna, mas sempre que consigo tapar o buraco de um lado, acabo por destapar de outro, pelo que tem sido um processo de aprendizagem constante, a incessante procura pela abordagem perfeita.

 

No decurso dessa jornada de descoberta, acabei por encontrar e conseguir definir três abordagens distintas.

 

1) A abordagem directa

 

Ele - Tudo bem?

Ela - Tudo!

Ele - Sabes que mais? Atropelaram o teu cão, o Pantufa.

 

Prós: Alivia rapidamente a pressão posta no mensageiro.

Contras: Convém saber técnicas de reanimação e ter um copo de água com açúcar à mão.

 

2) A abordagem hipotética

 

Ele - Como é que ficarias se alguém atropelasse o Pantufa ?

Ela - Desolada, porquê?

Ele - Porque atropelaram o Pantufa.

 

Prós: Inconscientemente, prepara-se o receptor da má notícia para o pior.

Contras: Ninguém vai livrar o mensageiro da reputação de bestinha atrasada mental. 

 

3) A abordagem relativista

 

Ele - Atropelaram o teu pai e o Pantufa.

Ela - Meu Deus!!

Ele - Estava a brincar, foi mesmo só o Pantufa.

 

Prós: A carga negativa da má notícia é reduzida e fica uma certa nuance humorística no ar com aquele punchline final.

Contras: Da mesma maneira que o negativismo da situação decresce, aumenta o risco do mensageiro ser sovado no final.

 

Todas funcionais, mas todas elas com defeitos.

Talvez não haja uma forma perfeita de dar más notícias, por estas serem a imperfeição em si.

Ou talvez a melhor forma seja mesmo a minha. Passar o cargo de mensageiro a outro infeliz qualquer.

E ele que se desemerde.

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publicado às 21:27


Comida moderna

por Inútil, em 30.01.14

Cliente - Boa noite.

Empregado - Boa noite. O que vai desejar?

Cliente - Não sei... quais é que são os pratos do dia?

Empregado - Com certeza. Pronto a sair temos uma espuma liofilizada de pão com sauté de entrecosto e chouriço.

Cliente - É parecido com migas?

Empregado - Mais ou menos.

Cliente - Qual é a diferença?

Empregado - É mais caro.

Cliente - Hum... e de peixe, o que há?

Empregado - Ainda bem que pergunta. Bacalhau cozido a 40º graus num confit de tubérculo, com telha de salsa e noisettes de azeitona. Uma especialidade.

Cliente - Então... mas isso é bacalhau à Brás!

Empregado - Hum... não. Por este preço, não é.

Cliente - Bom.. então e bitoque, há?

Empregado - Não.

Cliente - ...

Empregado - Mas temos uma peça de novilho do Sri Lanka, em ninho de arroz e maigret de ovo e batata.

Cliente - Esqueça, traga-me só um café.

Empregado - Pois...

Cliente - Ok, já percebi... Uma infusão de bagas de café em cama de porcelana...

 

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publicado às 20:37


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